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«Ainda que eu concorde que a inimizade é muito mais fiel ao longo do tempo a seus próprios princípios, é inegável que a amizade é uma característica indissociável do ser humano. Pois, é até uma obviedade afirmar que toda e qualquer pessoa, excetuando-se — quem sabe — as misantropas, necessita de bons amigos, pessoas a quem possa confiar seus segredos, suas alegrias e suas angústias, mesmo as mais comezinhas. Todavia, e eis a dificuldade porque todos passam diariamente, como perceber se um amigo o é de verdade.
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Poucas pessoas considero minhas amigas de facto e, menos ainda, são escolhidos os que considero bons amigos, a quem tudo confio. Percebi que, de certa forma, essa classificação passa por um filtro de carácter, e não necessariamente de convívio. Os meus amigos diferem muito quanto às suas idéias, gostos, posições, gosto musical...etc, mas todos estão de acordo no que se refere aos factores que admiro numa pessoa: sinceridade e sapiência, de acordo com o que julgo ser essas duas qualidades.
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Em contrapartida, pessoas que têm mais preocupação em lisonjas ou diálogos envoltos a floreios do que propriamente com a honestidade gozam de meu desprezo, embora algumas, quiçá, eu devesse odiar, pelos meios escusos que tratam a si mesmos e as demais pessoas, ludibriadas pelo encantamento da bajulação oferecida.É evidente que muitos julgamentos são equivocados ou seria eu de uma raça superior qualquer. Não errasse, também, e eu teria bem menos surpresas aprazíveis ou desagradáveis na minha vida, bem menos emoções, tanto positivas quanto negativas.
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Então, como ainda tenho uma ínfima esperança nas relações humanas, sigo o velho método de tentativa-e-erro, procurando — e às vezes encontrando! — as últimas pessoas de bom coração e de bom-senso que ainda poderão existir por aí. »
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