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Tanto silêncio nesta casa e tanta voz que me fala. Da janela vejo as mulheres que sobem a rua levando os sacos do supermercado. A rua é inclinada e elas devagarinho passeio acima, com os tendões dos braços saídos, os tendões do pescoço saídos, o cabelo a tremer. Porque razão me comovem na manhã suja, outonal, de setembro? As árvores começam a perder as folhas, pombos por aqui e por ali, vários cinzentos feios nas nuvens. Um par de homens a consertarem não sei quê num buraco. Deve ser isto o que as pessoas chamam vida e, se é isto, que miséria: ninguém sorri. Tenho de ir aos Correios... tira-se um papelinho com um número, espera-se entre gente que espera. Da última vez tirei o número 65, ia a procissão no 12. Fico séculos para ali, a olhar. Espera--se para tudo, somos feitos não de carne, de paciência, se calhar já nascemos com um papelinho na mão. Retire aqui o seu bilhete e aguarde a sua vez. Aguardo a minha vez. Desde que me conheço que aguardo a minha vez... E lá fora uma chuvinha sem peso. Um princípio não bem de frio, de desconforto.
– O que fazes no mundo, António?
António Lobo-Antunes
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1+1=1
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“As coisas mais importantes são as mais difíceis de dizer: são as coisas de que nos envergonhamos, porque as palavras as diminuem – as palavras encolhem as coisas que parecem ilimitadas quando estão na nossa cabeça até ficarem de tamanho real quando são deitadas cá para fora. Mas não é só isto, pois não? As coisas mais importantes encontram-se demasiado perto do local onde está enterrado o nosso coração secreto, como marcos a assinalar um tesouro que os nossos inimigos adorariam roubar.”

Stephen King
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